23.3.07

Afinal eles ainda mexem!



Os Rolling Stones, de apelido "a maior banda rock do mundo", anunciaram uma nova vinda a Portugal, no Verão, para um concerto no Estádio de Alvalade, em Lisboa. Os fiéis do costume preparam já os sacos-cama para a tradicional corrida aos bilhetes, com receio de que, como desde 1994, esta aparição possa ser a última.

21.3.07

Tom's Wild Years



O Público noticiava anteontem que o jornal jesuíta Civilta Cattolica, ligado ao Vaticano, considerou o músico norte-americano Tom Waits um "modelo" para os marginalizados, ao que parece dada a sua própria experiência de vida, digamos, "à margem" e que incluiu mesmo a santíssima trindade dos pecados mortais: sexo (supõe-se que com fins não apenas reprodutivos), drogas e álcool. Também surpreendente foi ler que o autor destas declarações é um tal padre Antonio Spadaro, «tido como a autoridade do Vaticano em música pop», diz o Público.

Leram bem. Desengane-se quem julgava, como eu, que o clero só travava contacto com a música pop, rock e afins a partir das versões beatas apresentadas pelos grupos corais nas liturgias. Afinal o próprio Vaticano aprecia as composições "realistas" de Tom Waits, o que abre boas perspectivas de que, dentro de poucos séculos (como se sabe, a unidade de medida temporal utilizada pela Igreja católica para dar sinais de alguma mudança) e com a ajuda da melomania pioneira do padre Spadaro, mais "anjos caídos", como Jim Morrison, Janis Joplin, Marianne Faithfull, Keith Richards, Pete Dogherty e tantos outros junkies (ou ex-junkies), deixem de ter ficha no Index - e, já agora, tenham direito a passar na Rádio Renascença.

20.3.07

Uma espécie de jazz

Uri Caine, prodigioso pianista norte-americano de jazz (?), traz o seu Ensemble à Casa da Música, no dia 25 de Março, para um concerto em torno de Mozart que se antevê memorável.

O pianista virá acompanhado por Joyce Hammann no violino, Michael Formanek no baixo, Ralph Alessi na trompete, Chris Speed no clarinete e Jim Black na bateria e percussão, alguns dos músicos que participaram na última gravação de Caine, Uri Caine Ensemble Plays Mozart (Winter & Winter, 2006).

aguasfurtadas 10

O número 10 da revista aguasfurtadas vai ser apresentado no dia 24 de Março, nos Espaços JUP (Rua Miguel Bombarda, n.º 187, no Porto), às 16 horas, inserida na comemoração dos 20 anos do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto/Jornal Universitário, editor da revista.

A aguasfurtadas é uma revista sobre literatura, música e artes visuais que traz nesta edição poesia (de Angélica Freitas, Rogério Rôla, Vítor Oliveira Jorge, Pedro Amaral e outros), contos (de António Gregório e Luís Graça) e ensaios (de Manuel António Pina, Tiago Bartolomeu Costa, Samuel Silva, João Pedro d'Alvarenga e Nuno Peixoto de Pinho). As ilustrações pertencem a Arff, Ana Justo, João Marçal, Francisco Cruz, Pedro Augusto, Scotch, Ana Xé Ribeiro e Agostinho Santos, com fotografias de Ângelo Fernandes, Filipe Silva, Luís Duarte, Hélio Mateus, Sofia Serrão e Fátima Séneca. Há ainda espaço para BD de Jorge Soares e partituras de Ângela Ponte e Nuno Estrela. São cerca de 300 páginas, portanto, pela módica quantia de 12 euros. Encomendas ao editor através do e-mail jup@jup.pt.

19.3.07

No tempo das rádios livres

Rádio Caos era o nome de uma das primeiras rádios "livres" - também conhecidas por "piratas" - a operar em Portugal e julgo que a primeira no Porto, nos idos da década de 1980. Os "estúdios", situados no último andar de um prédio relativamente antigo da antiga Praça da República portuense, limitavam-se a duas salas, uma das quais (do tamanho de uma marquise) servia de cabina para as longas horas de emissão, na frequência 93.4 MHz. O "autor" - éramos todos "autores de programas" cheios de personalidade, originalidade, experimentalismo e títulos impensáveis - sentava-se numa cadeira giratória de napa e manipulava ele próprio a mesa de mistura, posta ali mesmo à sua frente. Sobre equipamento técnico estamos conversados. De manhã até de madrugada, a Caos era um oásis de música "alternativa", comentários curtos e em voz grave e séria, algum noticiário, alguns entrevistados, tudo feito com o amadorismo próprio de uma rádio livre.

Algo a que sempre achei piada, olhando para o espírito assumidamente anarca da rádio, era a circunstância de os programas emitidos na Caos obedecerem (pelo menos em princípio...) a um "projecto" previamente entregue aos "directores" da rádio (o escritor/editor A. da Silva O. e outro cujo nome me esqueci mas não devia) - obviamente uma mera formalidade para obrigar a rapaziada a assentar um mínimo de ideias sobre o programa que queriam fazer, assim evitando surpresas desagradáveis. Após a ponderada decisão dos "directores", processo que podia demorar uns angustiantes 5 a 10 minutos, o programa estava pronto a ser emitido e escutado nos melhores lares e estabelecimentos comerciais da cidade - aqueles que conseguissem captar o (fraco) sinal da rádio, claro.

Nunca cheguei a agradecer ao A. da Silva O. e ao colega de "direcção" da Caos a oportunidade que deram a um puto de 16 ou 17 anos de fazer rádio. Faço-o hoje, com a mesma convicção de ontem.

Não!! Mais um blog!

Mais um blog. Pelas minhas contas, este é mesmo o 5.985.037.001.º a nível mundial, mais coisa menos coisa. E consta que há mais meia dúzia na forja. A malta precisa de comunicar, os telemóveis são caros e um blog é de borla (se não contarmos com os custos do computador, da electricidade e do tempo surrupiado ao trabalho, bem entendido). Uma autêntica praga para uns, a quintessência da democracia virtual para outros, uma fonte de angústias para quem os faz. Mas não falta quem os faça.

Este chama-se Rádio Caos e vai estar uns tempos em fase experimental. Apesar de exibir um nome, nasceu sem identidade definida, coitado. Ainda não se sabe bem quem o vai fazer nem que assuntos vai privilegiar. Mas vai assim mesmo para o "ar" para ver o que dá.