21.3.07

Tom's Wild Years



O Público noticiava anteontem que o jornal jesuíta Civilta Cattolica, ligado ao Vaticano, considerou o músico norte-americano Tom Waits um "modelo" para os marginalizados, ao que parece dada a sua própria experiência de vida, digamos, "à margem" e que incluiu mesmo a santíssima trindade dos pecados mortais: sexo (supõe-se que com fins não apenas reprodutivos), drogas e álcool. Também surpreendente foi ler que o autor destas declarações é um tal padre Antonio Spadaro, «tido como a autoridade do Vaticano em música pop», diz o Público.

Leram bem. Desengane-se quem julgava, como eu, que o clero só travava contacto com a música pop, rock e afins a partir das versões beatas apresentadas pelos grupos corais nas liturgias. Afinal o próprio Vaticano aprecia as composições "realistas" de Tom Waits, o que abre boas perspectivas de que, dentro de poucos séculos (como se sabe, a unidade de medida temporal utilizada pela Igreja católica para dar sinais de alguma mudança) e com a ajuda da melomania pioneira do padre Spadaro, mais "anjos caídos", como Jim Morrison, Janis Joplin, Marianne Faithfull, Keith Richards, Pete Dogherty e tantos outros junkies (ou ex-junkies), deixem de ter ficha no Index - e, já agora, tenham direito a passar na Rádio Renascença.

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